Lá no alto, no céu tumultuoso e cor de fogo, um bombardeiro Handley Page Hampden com o nome de código "C para Charlie" estremeceu violentamente quando um projéctil rebentou próximo. Estilhaços metálicos perfuraram em grande número a sua fuselagem. A poderosa vibração dos motores Twin Pegasus do avião pareceu interromper-se. O lugar-tenente Bob Shand, o seu piloto, sentiu a pulsação acelerar vertiginosamente nesse instante. Mas os motores voltaram ao ritmo normal e o "Hampden" continuou a responder às manobras do seu piloto. Felizmente, nenhum dos tripulantes foi atingido. Foi apenas um mau momento para a tripulação.
O "Hampden" de Bob Shand fazia parte da formação chefiada pelo comandante Mark Robertson. Em baixo ficavam as ordenadas fileiras dos carris de Hamm, centro nervoso dos caminhos de ferro alemães, sendo um alvo prioritário para os bombardeiros britânicos no agitado ano de 1940. Com bravura e alguma persistência, a estação ferroviária foi destruída. Bob Shand no seu avião e o seu amigo Johnnie Gayton ao comando do "P para Peter" regressaram juntos, mas foi uma viagem de pesadelo para Bob a bordo do seu massacrado avião e foi o ultimo da formação do comandante Robertson a aterrar em Scampton, uma base de bombardeiros em Lincolnshire. Em terra, com os aparelhos estacionados, contabilizaram os estragos e os pilotos congratulavam-se pelo sucesso a operação. Todavia, teriam muitas mais missões nos tempos seguintes. Enquanto a Batalha de Inglaterra decorria na sua máxima força, o esquadrão combateu implacavelmente para eliminar diversos alvos terrestres. Levaram a cabo diversas missões ofensivas, arrasando fábricas, fundições, refinarias, bases navais, e difíceis posições estratégicas dos alemães. Os voos de treino intensivo, diurnos e nocturnos, realizados a baixa altitude, com o objectivo de iludir os radares inimigos, não impediram que a esquadrilha sofresse várias baixas durante o "raid" ao Canal de Dortmund-Ems. Contudo, nada os prepararia para a mais perigosa das missões, o ataque a uma das principais bases de submarinos alemães e a mais bem defendida do Noroeste da França, o porto de Brest.
Data de publicação: 1 de Março de 1980. Quinzenal. 64 páginas
Data de publicação: 1 de Março de 1980. Quinzenal. 64 páginas
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